quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Replacements - Os substitutos chegam no Ano Novo

O dia 31 de dezembro, assim como o Natal, é uma data especial com uma carga emocional muito forte, pois costumamos nos reunir com familiares e amigos para comemorar a “virada’ para o ano novo. Por isso, este dia certamente não está entre os mais indicados para se iniciar uma missão de paz. Início que por si só já é complicado. Pois foi justamente nesta data, em 2007, que chegaram a Porto Príncipe os 03 Oficiais brasileiros que passariam o ano de 2008 no Haiti. Recordo que acordei cedo naquele dia, pois deveria buscá-los no aeroporto e conduzi-los para a LOGBASE onde um UNPOL da unidade de Induction Training estaria esperando. Esta não era uma obrigação minha, mas sim uma vontade. O procedimento era uma praxe na MINUSTAH, não sei se o mesmo acontece nas demais missões. Sempre que novos contingentes policiais chegavam, os seus compatriotas ficavam responsáveis em fazer as “honras da casa” aos novatos já no aeroporto, inclusive com dispensa por parte dos chefes de seção e utilização de viaturas de suas respectivas unidades. Este procedimento era adotado com forma de facilitar a chegada dos replacements.
Cheguei antes do horário de chegada do vôo proveniente de Miami e fiquei esperando no lado de fora do aeroporto, tendo em vista que não nos permitiam permanecer na área de desembarque. Diferente dos aeroportos brasileiros, o Aeroporto Toussaint Louverture não possui área interna de acesso ao público, só entra quem for passageiro. O vôo não atrasou, no entanto, após a chegada do avião esperei por cerca de 01 hora até que o Major Agrício – PMDF – aparecesse no portão de saída do desembarque. Ele me explicou que a demora no interior do aeroporto ocorrera porque uma das malas do Tenente Cidral – PMSC – não havia sido embarcada em Miami e ele estava fazendo a reclamação no balcão da companhia America Airlines (a mala chegou no dia seguinte ou dois dias após, não recordo ao certo). Logo em seguida apareceu o Tenente Cidral acompanhado do Capitão Frederes, meu conterrâneo aqui do Rio Grande do Sul. Após os cumprimentos e apresentações, os conduzi até a LOGBASE (foto acima - Cap Frederes, Maj Agrício e Ten Cidral - a partir da esquerda) e os deixei com um UNPOL Nepalês responsável em dar início aos trâmites burocráticos de check-in na missão.
Naquela noite, como forma de marcar a data, os convidei para jantarmos em um restaurante próximo de casa a fim de comemorar o ano novo e conversarmos um pouco mais a respeito da missão. O Major Agrício preferiu permanecer em casa e estabelecer o primeiro contato com os familiares no Brasil. Como já escrevi em outro post, antes da meia noite, em virtude do “toque de recolher” que a ONU impunha ao seu staff, já estávamos em casa e pudemos ouvir os fogos de artifício da população local quando o relógio indicou o novo ano que chegava. Aquele foi o primeiro dia de um convivência de 6 meses que tive com aquele grupo de Oficiais, os quais passaram a ser a minha família no Haiti (foto abaixo em frente ao Palácio do Governo - Cap Frederes, Cap Marco e Maj Agrício).


Grande abraço ao contingente 2008!

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Capitão Hoffmann escreve a cerca do Preparo Psicológico para integrar uma UN Mission


O Capitão Hoffmann (Asp 95) está a 07 meses na Missão de Paz no Timor Leste. O longo período longe de casa e a experiência adquirida com o trabalho diário na missão fizeram com que o Oficial nos enviasse o texto abaixo que fala sobre o preparo psicológico que o UNPOL deve ter ao ser designado para compor uma missão de paz das Nações Unidas:
"Preparo psicológico para missão da ONU

A partir da designação do Oficial como UN Police, este deve estar ciente de alguns fatores intervenientes e trabalhá-los internamente, com o objetivo de não passar por maiores dificuldades do que aqueles que o próprio trabalho já traz: Estar fora de casa, longe de parentes, amigos e hábitos; convivendo com pessoas de outros costumes; sabendo ainda que as missões tem características de ausência de posto, ou seja, internamente todos tem o mesmo nível, de soldado a Coronel, e as demais denominações equivalentes, o que diferencia é a função que se desempenha. Há possibilidade, em tese, de um soldado ser chefe de Tenente Coronel, por exemplo, pois os postos são galgados por méritos e por tempo na unidade. Para nós, Militares Estaduais, que estamos acostumados à hierarquia e disciplina rígida, a situação é mais complicada, porém quando se está adaptado e se busca uma flexibilidade em seus conceitos internos, já não trás desconforto.
Tive conhecimento, há pouco, de um policial que, por lamentável despreparo, não conseguia um bom relacionamento com seus companheiros, o que trouxe prejuízos para si, para seus pares e para o nome de seu país, o que se constitui em algo grave.
Todos os integrantes de missão são representantes de todo um país, individualmente. As atitudes tomadas tem um eco muito maior do que quando se trabalha em seus afazeres habituais, portanto a discrição é importante em todos os ambientes.
É cabível esse tema, pois aqueles que se dispuserem a fazer parte de uma missão devem ter em mente que é por um determinado tempo apenas e que as lições aprendidas são valiosas, rendendo frutos para a vida profissional e pessoal, o que compensa a situação diferenciada. Os futuros “missioneiros” tem que começar a se moldar à nova situação já no Brasil, evitando assim dissabores. Por sorte a Brigada dá o preparo necessário desde a Academia quando somos expostos a uma gama variada de situações que temos de solucionar - e conseguimos - de uma maneira ou de outra. Por vezes não entendíamos o que acontecia mas os resultados positivos estão à mostra. Mais um motivo de satisfação em pertencer as fileiras da Gloriosa. “Viva a Brigada”

Curso para UN POLICE na Suécia

O Comando de Operações Terrestres - COTER - do Exército Brasileiro, através da IGPM, encaminhou documento a todos os Estados informando da disponibilidade de vagas para o “United Nations Police Officers Course (UNPOC II)”, a ser realizado entre os dias 22 de fevereiro e 05 de março de 2010, promovido pelo Centro Internacional das Forças Armadas Suecas em parceria com a Polícia Nacional da Suécia.
Leia a matéria na íntegra no blog Policiais Brasileiros em Missão de Paz do Tenente Carrera.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

O Natal em um Orfanato de Porto Príncipe


No dia 25 de dezembro de 2007, durante o horário do almoço, eu tive a oportunidade de participar de uma atividade especial. Uma iniciativa de um grupo de UNPOLs que trabalhavam na Academia da Polícia Nacional do Haiti, liderados por um policial espanhol da Guardia Civil, Antonio Moreno, “adotou” um orfanato localizado no bairro Tabarre em Porto Príncipe e, entre outras coisas, proporcionou um Natal mais feliz as crianças que ali estavam. Este tipo de ação era comum entre os UNPOLs de várias nacionalidades, pois existem muitos orfanatos em Porto Príncipe. Tratava-se de uma atividade extra e que dependia da compreensão dos chefes de unidade para a obtenção de liberação para saídas em horário de expediente.
Durante os dias que antecederam o Natal nós buscamos contribuições espontâneas de vários UNPOLs. Normalmente ficávamos na saída do restaurante da ONU existente na LOGBASE e explicávamos os objetivos do projeto a quem saísse do local. Conseguimos arrecadar aproximadamente 300 dólares que foram transformados em brinquedos e colchões para as crianças do orfanato.
O grupo era composto por policiais da Espanha, França, Filipinas, Chile e Romênia. Foi muito legal ver a alegria das crianças, distribuímos os presentes, brincamos, assistimos a apresentação de uma canção e, ao final, fomos brindados com um almoço típico haitiano preparado pelos funcionários do orfanato.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Natal Longe de Casa

Um dos períodos mais complicados durante uma missão de paz é a semana que compreende o Natal e o Ano Novo. Normalmente o staff policial "esvazia" nesta época do ano, com as unidades funcionando com seu efetivo mínimo. A maioria dos UNPOLs planeja seu período de folga para estas datas comemorativas. Como em qualquer quartel, e na ONU não poderia ser diferente, o serviço não pode sofrer queda de continuidade, alguém tem que "tocar o barco". O fato de que a maioria dos policiais oriundos de países asiáticos, de alguns países africanos e de países do oriente médio não comemoram o Natal, contribui para que os dia 24 e 25 de dezembro sejam dias normais de trabalho aos UNPOLs.
Quando estava no Haiti permaneci as festas de final de ano (Dezembro de 2007) em Porto Principe. Optei em trabalhar nesta época, pois planejava uma viagem com minha esposa à República Dominicana em Fevereiro de 2008. Não foram dias fáceis, pois uma semana antes do Natal os outros 03 policiais brasileiros partiram por término de missão, permanecendo eu como o único policial brasileiro na MINUSTAH. Os substitutos chegaram apenas no dia 31 de dezembro. Mas esta é outra história, e contarei nos próximos posts.
Eu morava em um condomínio composto por 16 apartamentos, todos ocupados por staff da ONU (policiais, militares brasileiros e civis). Éramos em torno de 30 pessoas. Na semana entre o Natal e o Ano Novo fiquei apenas eu e um espanhol da Guardia Civil que morava no apartamento em frente ao meu. Ficamos literalmente de "caseiros" do condomínio. Na noite do dia 24 de dezembro reunimos todos os remanescentes dos outros condomínios, não mais que 15 pessoas e fizemos um ceia de natal. Nada de especial, apenas fizemos uma janta para marcar a data e jogar um pouco de conversa fora. Antes da meia-noite todos já estavam em suas respectivas casas, pois com o toque de "recolher" não podíamos rodar com as viaturas da ONU após à meia-noite sem que estivéssemos em serviço e plenamente justificados. Para completar, no dia 24 trabalhei todo meu turno na rua, sem acesso à internet, chegando em casa também não havia comunicação, restou o telefonema do meu celular para casa a fim de felicitar a família.
Por isso compartilho o sentimento de todos os colegas que estão hoje em terras além mar representando o Brasil nas Nações Unidas.
FELIZ NATAL A TODOS!

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Capitão Algenor destaca seus companheiros de contingente na MINUSTAH

O Capitão Algenor - PMAM - Comandante do Contingente policial Brasileiro na MINUSTAH (foto durante Operação Anaconda) nos enviou um texto onde destaca seus colegas do contingente, Cap Bassalo - PMPA - e Ten Heberton - PMDF, tendo em vista o final de missão que se aproxima:

"Senhores gostaria em primeiro lugar agradecer a todos pelo apoio e companhia durante este ano aqui em nossa missão no Haiti, gostaria de destacar a forma companheira e amiga que todos os senhores dispensaram a nós que aqui estamos, tal qual os senhores estiveram ou ainda estão, longe de seus familiares;
O ano está acabando e com isso finda a nossa missão aqui no Haiti, quero aproveitar para afirmar perante todos as minhas conclusões a respeito dos dois Oficiais aos quais tive o prazer de servir junto e aos quais tenho a honra de poder chamar meus amigos; Oficiais dedicados, competentes, leais, companheiros, disciplinados, corajosos e com um grande espírito de liderança, qualidades desejaveis por qualquer um de nós, pessoas da mais alta capacidade profissional que sempre serviram de exemplo a todos que se encontram a serviço da grande família das Nações Unidas; Foi um imenso prazer estar com vocês meus amigos, espero imensamente ter o prazer de poder desfrutar da companhia de vocês, quem sabe em outras oportunidades ou em outras batalhas, sei que nossos caminhos ainda vão se cruzar novamente, espero que em uma situação mais tranquila!
Desta forma gostaria de desejar a todos vocês que fazem parte do unpolbrasil, um excelente NATAL cheio de alegria, felicidades e muito amor, junto a seus familiares, amigos e entes queridos, que neste ano que vai iniciar, vocês todos possam multiplicar seus momentos de alegria, felicidade e prosperidade de tal forma que possam contagiar todas as pessoas ao seu redor!

SAÚDE, HARMONIA, MUITO AMOR, PAZ, SABEDORIA, PROSPERIDADE E VITORIAS MIL são desejos meus e de minha familia a todos vocês, não estaremos juntos fisicamente neste natal, mas estamos unidos mais do que nunca em nossos corações!

Grande abraço a todos, são os votos de

CAP Algenor PMAM MINUSTAH/Haiti

"VITORIA SOBRE A MORTE!!! FORÇA BRASIL!!!"

domingo, 20 de dezembro de 2009

A visita do Comando do BOPE-RJ à UNPOL-MINUSTAH


O contingente do BRABATT – Brazilian Battalion - do 1º semestre de 2008 era composto por militares, em sua grande maioria, do Rio de Janeiro. Estes militares passaram por um treinamento prévio à missão de incursões em favelas realizado pelo BOPE-RJ. Em virtude desta parceria, o Ministério da Defesa convidou uma comitiva do Rio de Janeiro, composta por integrantes da Secretaria de Segurança Pública, Polícia Civil e Policiais Militares do BOPE, entre os quais estava o Comandante da época, o T Cel Pinheiro Neto, Major Chagas e Major Soares, para uma visita oficial à MINUSTAH, a qual ocorreu entre os dias 04 e 08 de março de 2008.
Dentro da agenda de visitações programada pelo exército, o nosso chefe de contingente, Major Agrício – PMDF - conseguiu que a comitiva ficasse conosco ao menos um dia, a fim de conhecer a realidade do trabalho desenvolvido pela UNPOL, visitar algumas unidades de FPU – Formed Police Unit – e, sobretudo, tomar conhecimento de que existia um Contingente Policial Brasileiro na MINUSTAH, fato que, logicamente, era de desconhecimento da maioria dos visitantes. No dia destinado a nós, o Force Commander agendou de última hora uma palestra para a comitiva no Hotel Cristopher – Sede da Missão em Porto Príncipe – consumindo quase toda a parte da manhã. Em vista disso, conseguimos cumprir apenas parte da agenda que havíamos programado. Realizamos uma exposição do trabalho de cada integrante do Contingente Policial Brasileiro na sala de conferências do Cristopher, visitamos a DIROPS – Diretoria de Operações da UNPOL, fomos recebidos pelo Police Commissioner, Diallo Mountaga, e, por fim, visitamos a FPU da Jordânia, a qual estava sediada na Academia da Polícia Nacional do Haiti (foto acima). Dois dias após este primeiro encontro, participamos de uma vista à FPU da China, localizada próximo ao Aeroporto Internacional Toussaint Louverture, onde fomos recepcionados pelo Comandante, o qual nos conduziu para uma visitação às instalações e após nos ofereceu um almoço típico da cozinha oriental.
A comitiva gostou muito da experiência, principalmente dos momentos em que puderam estar em contato direto com as atividades desempenhadas pela UNPOL nos diversos segmentos da missão. Com certeza aqueles policiais saíram do Haiti com uma visão positiva do trabalho policial, pois tiveram a oportunidade de conhecer verdadeiramente um pouco sobre a participação policial brasileira em uma missão de paz.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

UN Police entrega o comando da Polícia Marítima aos policiais timorenses

Como parte do processo de restituição da responsabilidade total de comando à Polícia Nacional do Timor Leste - PNTL - sobre suas unidades policiais, o Comando da UN Police entregou definitivamente aos policiais timorenses a responsabilidade pela execução dos serviços de polícia marítima, o qual tem como missão o patrulhamento das águas territoriais do Timor Leste.
A Cerimônia ocorreu no 14 de dezembro e, em seu discurso, o Police Commissioner Luis Carrilho – de nacionalidade portuguesa – destacou a importância da polícia marítima para a segurança do país, bem como parabenizou o efetivo da polícia marítima timorense e os UNPOLs responsáveis pelo seu treinamento pelo progresso alcançado no decorrer da formação.
Você pode encontrar fotos do treinamento da equipe de mergulhadores da polícia marítima da PNTL no site http://americandivemaster.com/marinepolicemain.html

Fonte: http://timorlorosaenacao.blogspot.com/

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Impressões do Police Commissioner da MINUSTAH a respeito da Extensão


Recordo de uma longa conversa que tivemos com o Police Commissioner da MINUSTAH, Diallo Mountaga, em seu gabinete no Hotel Christopher, por ocasião da despedida do contingente policial brasileiro em dezembro de 2007. Na foto acima o PC aparece com TODO o contingente policial da MINUSTAH, Cap Freitas, Cap Marco, Maj Braga e Ten Carrera na cerimônia do Medal Parade do BRABATT. Naquela reunião o Police Commissioner disse não entender o motivo pelo qual o Brasil não possuía um contingente policial mais expressivo numericamente na missão, visto que de todos os policiais em cargo de chefia só ouvia relatos positivos sobre o excelente trabalho desenvolvido por todos os policiais brasileiros que já haviam passado pelo Haiti, sem exceções. Logicamente também veio à tona a comparação entre os contingentes brasileiros da MINUSTAH, sendo o policial, 04 Oficiais, e o militar, 1200 homens entre Oficiais e praças das três forças armadas. Em vista disso, também comentou que não entendia o motivo pelo qual o Brasil não concedia extensões aos policiais. No decorrer do diálogo o Police Commissioner expôs o seu ponto de vista a cerca do período de trabalho na missão.
Para Diallo Mountaga, o “Tour of Duty” de um ano está dividido em 04 fases distintas. Todas elas de aproximadamente 03 meses. O policial, ao chegar à área de missão, demora em média 03 meses para se adaptar ao idioma, clima, cultura, fuso horário, colegas de trabalho, alimentação e distância da família.
Passado este prazo inicial o policial começa a se familiarizar com o funcionamento da missão, sua estrutura organizacional, os seguimentos que a compõem (policial, militar e civil) e, principalmente, passa a compreender a sua função como UNPOL. Lá se vão, segundo o Police Commissioner, outros 03 meses. Ou seja, metade do seu período de missão.
A partir deste momento o UNPOL entra na terceira fase do seu Tour of Duty, na qual passa a exercer suas funções com mais desenvoltura, confiança em si mesmo e, sobretudo, pondo em prática todo o conhecimento adquirido com as experiências vividas até então. Isto facilita sobremaneira as tomadas de decisão nas situações diárias com que se depara, agregando mais qualidade na prestação do serviço. Passam-se mais 03 meses.
Na quarta fase o UNPOL está apto a assumir as funções de chefia, pois além da experiência adquirida, já possui uma visão macro da missão e está mais intimamente ligado aos objetivos gerais e aos objetivos específicos da UN Police. É justamente nesta fase que o policial começa a desacelerar, pois completa seu tempo e tem que retornar ao seu país de origem. O último mês de missão o UNPOL praticamente passa em função do último CTO – período de descanso – e dos procedimentos de check out. Administrativamente, na visão do Police Commissioner Diallo Mountaga, a missão perde muito com isso, pois se o policial tivesse ao menos uma extensão poderia contribuir de forma mais eficiente e eficaz com a missão de paz. Por isso, concluiu que a extensão é benéfica para as Nações Unidas.
Concordo plenamente com o que o PC disse naquela ocasião, mas lembro que explicamos a ele o motivo do Brasil não conceder extensões aos policiais, justamente a limitação imposta pelo nosso governo ao número de UNPOLs, tema que foi abordado no tópico anterior.

sábado, 12 de dezembro de 2009

O Brasil não concede Extensões aos policiais em Missão de Paz

Todo policial ao ser designado para uma missão de paz da ONU, com raras exceções, assina um contrato de serviço válido pelo período de um ano. No entanto, ao concluir este período, existe a possibilidade de renovação por mais 06 meses: este procedimento é denominado de “extensão”.
Para receber a extensão é necessário que o UNPOL preencha um requerimento padrão, normalmente após o oitavo mês de missão, o qual deverá ter parecer favorável do seu Team Leader, bem como do Chief of Staff e do próprio Police Commissioner. Recebendo estes pareceres favoráveis o documento será enviado ao DPKO e em seguida ao país de origem do UNPOL a quem compete dar a palavra final: concedendo ou não a extensão. Em muitos países este procedimento é comum, normalmente o policial recebe uma ou duas extensões durante o seu período de missão.
No Brasil isso não acontece, nosso governo não concede extensões. Acredito que o critério adotado pelo Brasil, nas atuais circunstâncias, é o mais justo. Explico o motivo deste meu posicionamento.
Para se ter uma idéia, até o dia 30 de novembro de 2009 (quando expirou o prazo de validade do concurso de maio de 2008) havia 43 Oficiais aprovados nas duas seleções realizadas em 2008 (maio e agosto), a estas devemos somar as aprovações deste ano (ainda não divulgadas no site do COTER). Por uma questão de justiça estes números não permitem que se fale em extensão!
Afinal são apenas 13 vagas existentes para Oficiais brasileiros na UNPOL (04 no Haiti, 03 no Sudão e 06 no Timor Leste) e falar em extensão é falar em protelar em alguns meses a oportunidade de outros Oficiais integrarem alguma dessas missões, ou mesmo em terminar com o sonho de alguém que está “ready to go”, visto que o prazo de validade do concurso do COTER é de apenas 18 meses.

Acredito que antes de pleitearmos extensões deveríamos concentrar esforços em aumentar o número de vagas para policiais brasileiros nas missões de paz da ONU.

No próximo post falarei sobre uma reunião que o contingente policial brasileiro no Haiti teve com o Police Commissioner em dezembro de 2007 em que se debateu a respeito do tema extensão.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Fim de missão do contingente brasileiro na MINUSTAH

Foi publicado no "boletim interno" da United Police da MINUSTAH o End of Mission - EOM - do contingente brasileiro composto pelo Cap Algenor - PMAM - Cap Bassalo - PMPA - e Ten Heberton - PMDF. Esta publicação é um procedimento de rotina e ocorre cerca de 45 a 30 dias antes da data prevista para o regresso. É a partir da emissão deste documento, o qual também é enviado ao DPKO em Nova York, que são iniciados os procedimentos para a expedição da Travel Authorization (documento do DPKO que determina data de embarque e autoriza a despesa com a passagem aérea) para os policais substitutos.
E a MINUSTAH continua....missão cumprida para uns e início de jornada para outros!
Felicidades a todos

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Notícias do Timor Leste

Recebi alguns e-mails de colegas brigadianos solicitando informações a respeito das notícias sobre o Capitão Hoffmann, as quais não são mais encontradas nos arquivos do blog. Em respeito a estes e aos demais leitores informo que TODOS os posts referentes ao trabalho policial brasileiro no Timor Leste, incluindo o post sobre o Medal Parade, publicados a partir de julho deste ano, mês de criação do "unpolicebrasil", foram excluídos dos arquivos do blog.
Tal medida atende a pedido dos próprios policiais integrantes do contingente policial brasileiro no Timor, os quais respeitamos e admiramos pelo excelente trabalho realizado até o momento "in the Service of Peace" no Timor Leste e que contribuíram com sua dedicação e determinação para o engrandecimento do Brasil e das instituições policiais brasileiras além mar. A retirada também foi realizada pelo Tenente Carrera em seu blog "missãodepaz".
Os futuros UNPOLs brasileiros não precisam ficar preocupados, pois nos empenharemos mais ainda em manter todos informados sobre o andamento da missão, buscaremos informações no próprio site da ONU e em outros blogs que escrevem sobre o tema.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Despedida do Chefe de Contingente Brasileiro no Haiti - Dezembro de 2007

As palavras que o Major Silva - PMERJ - utilizou para descrever o momento da despedida do efetivo brasileiro de Yei no Sudão, especialmente o reconhecimento por parte dos demais UNPOLs, fizeram com que eu me recordasse de um dos momentos mais emocionantes que vivenciei no Haiti. Este Momento foi a despedida do nosso Chefe de Contingente, major Braga PMPA – atualmente TCel Braga – em dezembro de 2007. Procurei nos meus arquivos e encontrei um vídeo daquele dia. Embora grande parte dos discursos tenha sido conduzida em francês, o vídeo serve para que possamos ter uma idéia da respeitabilidade brasileira na MINUSTAH e do relacionamento cordial e amistoso entre os UNPOLs dos vários países componentes do efetivo policial.
Na ocasião o efetivo da Traffic and Circulation Unit, unidade que eu integrava e da qual o TCel Braga era o Team Leader, organizou uma pequena festa de despedida. A nossa unidade era localizada na Logbase, base da ONU ao lado do Aeroporto Internacional Toussaint Louverture, local que reunia várias unidades de UNPOLs o que nos proporcionava a convivência diária com policiais de vários países. No vídeo podemos visualizar policiais da Espanha, Sri Lanka, Níger, Nigéria, Mali, Guiné, Nepal, EUA, França, Canadá, Egito, Romênia, Benin, China e Burkina Faso, bem com funcionários civis haitianos. Esta reunião nada mais é do que um “retrato” fiel da diversidade cultural e de experiências profissionais que o trabalho na ONU nos propicia conhecer.
Todo o contingente policial brasileiro estava presente, na filmagem aparecem, além do TCel Braga, eu e o Capitão Freitas. O Tenente Carrera foi o responsável pelas imagens.
O UNPOL canadense que falou em nome dos demais era o nosso chefe imediato, responsável por todas as unidades de monitoramento existentes na MINUSTAH. Após o discurso o TCel Braga recebeu dois quadros com pinturas típicas do Haiti comprados pelos integrantes da Traffic and Circulation, uma peça em couro proveniente do artesanato do Níger e, por fim uma roupa típica entregue pelo Chefe de Contingente do Mali.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Missão Cumprida! O Major Silva - PMERJ - Inicia check out no Sudão


O Major Silva, da PMERJ, está prestes a concluir seu período de serviço na Missão de Paz da ONU no Sudão. Após um ano longe de casa o veterano Boina Azul faz um balanço sobre o tempo em que alimentou o sonho de servir às Nações Unidas até o momento em que foi designado para a UNMIS e teve a oportunidade de trabalhar " In the Service of Peace" - fato semelhante ocorreu comigo e, acredito, com grande parte dos Oficiais que já integraram uma missão de paz, inicialmente a ONU era um sonho distante mas que se tornou realidade pelo esforço e dedicação de cada um. O Major Silva (na foto acima no momento da despedida em Yei) concluiu seu texto com dicas importantes aos futuros UNPOLS:

"CHECK OUT, Tempo de reflexão.
Caros Amigos, iniciei o meu processo de check out. Como tudo na vida, uma hora acaba. Nesse momento, fico pensando sobre todo o ano que passei longe dos amigos, da família, do conforto. Valeu à pena? Sim, certamente que valeu!
Desde os tempos de tenente, em 93 ou 94, não lembro bem, tinha vontade de participar de uma UN Mission. Veio Angola, Moçambique, não apliquei, pois achava que não tinha condições. Meu inglês não seria suficiente. Também não tinha prática como motorista, apesar de ser habilitado. Depois veio a missão no Timor e, já estando no BOPE, fui requisitado pelos oficiais que iriam para a missão, a conduzir um treinamento para eles. Eu tinha acabado de vir dos EUA onde tinha atendido a um treinamento no Departamento de Estado Norte Americano. Um dos oficiais (atualmente o Cel Carvalho) veterano de missão, falou comigo em tom de brincadeira que só aceitava comandos em inglês para a prática de tiro. Conduzi o treinamento em inglês o que fez com que os oficiais insistissem que eu aplicasse para a missão... Ainda não o fiz. Depois tentei aplicar para a MINUGUA e fiz um teste de espanhol, mas não houve o prosseguimento na missão. Finalmente em 2008 resolvi, incentivado pelo tenente Penha Brasil a fazer os testes do COTER. Fiz, passei e fui o primeiro a ser chamado. Aqui estou a dez dias de completar a missão, graças a Deus com êxito.
Na despedida de Yei, pude perceber o quanto os brasileiros são respeitados. Vários discursos e homenagens fizeram para nós... em 11 meses por lá não vi nenhum check out igual.
Para os novatos... Viva a missão, tire fotos, converse, reze, pratique esportes, vá ao Brasil, troque informações, troque souvenirs e lembre, o relógio não para! Nos momentos de angústia, pense nisso. Para uns a missão demora, para outros, voa... Procure sua zona de conforto. Exercite o Stress Management, pois um dia você estará checking out !
Como dica operacional, guarde toda a papelada, MOP, Leave Request, Accomodation Request, Boarding Passes, Hand over Notes, isso facilitará em muito o processo.
Obrigado a todos que contribuíram para que a bandeira do Brasil tremulasse tão longe de casa.

Major PMERJ Andre SILVA de Mendonça
UNMIS 2008/2009 "

Parabéns a todos os Oficiais brasileiros que estão concluindo sua missão no Sudão!

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Esclarecimentos sobre a Missão na Guiné Bissau

O assunto já foi tema de outro post neste blog no mês de setembro, no entanto, aos leitores desavisados, pode ter causado alguma dúvida. Na verdade o comando da BM não indicou os nomes dos Oficiais.
As vagas para a UNIOGBIS - Missão das Nações Unidas na Guiné Bissau - são para Oficiais veteranos de missão, no entanto estes Oficiais deveriam estar aprovados em um dos concursos realizados pelo COTER no ano de 2008 ou de 2009. Este pré-requisito alijou vários veteranos do processo, como este que vos fala. Nessas condições, a IGPM enviou lista com os nomes dos Oficiais que preenchiam os requisitos para o Comando Geral da Brigada Militar. Na lista constavam os nomes do Cap Freitas (atualmente no Haiti) e do Capitão Osório, os quais prestaram concurso em Brasília em maio de 2008 - e do Cap Frederes que prestou concurso em agosto de 2009. Estes Oficiais deveriam manifestar o interesse em participar.
Por motivos óbvios apenas o Cap Osório e o Cap Frederes manifestaram o interesse e, em consequência, o Comando Geral retornou a informação ao COTER, o qual, por sua vez, enviou para Nova York os nomes. Fase seguinte do processo foi a entrevista telefônica feita por integrante do DPKO. Aprovados, agora é só esperar os próximos passos.
Espero ter esclarecido a dúvida de alguns colegas...não houve indicação, na verdade foi uma autorização do comando em função de nomes que foram informados pelo próprio COTER.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Missão na Guiné Bissau

Em conversa com o Cap Frederes, um dos capitães indicados pelo Comando Geral da Brigada Militar para comporem o efetivo da Missão da ONU na Guiné Bissau, a partir de janeiro de 2010, obtive a informação de que os dois indicados, Cap Frederes e Cap Osório, ambos veteranos da MINUSTAH, já foram entrevistados pelo DPKO - Department of Peacekeeping Operations - e estão aguardando instruções para os procedimentos seguintes visando o possível embarque em janeiro.

domingo, 22 de novembro de 2009

Boina Azul é promovido a Tenente Coronel na Brigada Militar

Oficial da Brigada Militar integrante da Missão de Paz da ONU na Guatemala - MINUGUA - foi Promovido ao posto de Tenente Coronel. A promoção do agora T Cel Sérgio Lemos Simões foi oficializada no Boletim de Avaliação e Mérito 046/2009 da Brigada Militar, publicado em 21 de novembro.
O T Cel Sérgio foi UNPOL - United Nations Police - na MINUGUA no período de agosto de 1996 a agosto de 1997. Atuou na função de observador do cumprimento dos acordos de paz e na investigação de violações de direitos humanos.
O T Cel Sérgio é um Oficial de destaque da Brigada Militar, tendo na sua ficha funcional o exercício de várias funções, dentre as quais destaco o Comando do GATE - Grupo de Ações Táticas Especiais - da Brigada Militar.

Parabéns ao T Cel Sérgio Lemos Simões!

domingo, 15 de novembro de 2009

A repercussão da notícia

O objetivo do post anterior foi justamente fomentar a discussão sobre o tema, principalmente entre os veteranos UNPOLs, os quais conhecem profundamente o processo atual e suas mazelas. Logicamente fica complicado firmar posição se a possível mudança traria benefícios ou não aos policiais brasileiros.
Confesso que a primeira impressão que tive foi positiva, explico. Quando ouvi o termo SENASP sendo associado às Missões de Paz, a primeira coisa que me veio à cabeça foi a Força Nacional e, como já destaquei aqui no blog a minha posição quanto a esta tropa de pronto emprego, visualizei nela a nossa primeira FPU - Formed Police Unit, ou seja, um batalhão de choque com 125 policiais.
Por outro lado, acredito que nós policiais possamos contribuir com a construção desta nova metodologia, pois como pode ser visualizado no site da Viva Rio, o conhecimento existente é quanto à atuação dos militares nas missões. Na verdade tenho dúvidas se os responsáveis pela iniciativa possuem alguma noção sobre o serviço policial que não seja a repassada a eles pelo Exército Brasileiro.
Mas o debate é salutar, quem tiver mais informações ou mesmo queira contribuir com o debate pode compartilhar conosco o seu pensamento.

sábado, 14 de novembro de 2009

Possíveis mudanças no treinamento de Policiais brasileiros enviados às Missões de Paz da ONU

Recentemente recebi o informativo PRONASCI nº 111, de 29 de outubro de 2009, no qual noticiou-se que o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania foi apresentado à autoridades no Haiti por representantes do Ministério da Justiça, os quais estiveram no país caribenho de 24 a 31 de outubro. A equipe reuniu-se com personalidades como o Embaixador Brasileiro Igor Kipman e representantes do Comando da MINUSTAH. Este fato já havia sido noticiado pelo Capitão Bassalo aos integrantes do grupo UNPOL.
Um dos grandes parceiros do Ministério da Justiça em projetos sociais na área da segurança pública no Brasil é a ONG Viva Rio, a qual, inclusive, desenvolve projetos semelhantes no Haiti desde 2004, como o projeto “Honra e Respeito por Bel Air”, bairro central e conturbado da Capital Porto Príncipe. No site do Viva Rio encontramos informações a cerca das atividades no Haiti, como o filme “Ponto Forte” o qual foi produzido pela ONG em parceria com a CI Op Paz e retrata o cotidiano dos militares brasileiros no Haiti.
Bom, feita esta introdução para que o leitor pudesse se situar a respeito do tema, passo a falar sobre o objeto principal deste post. Esta semana durante conversa com um professor na faculdade de direito ele me relatou que esteve em um seminário em Brasília, no dia 04 de novembro, onde teve a oportunidade de conversar com Antonio Rangel Bandeira, um dos coordenadores do Viva Rio, o qual comentou, entre outras coisas, que havia apresentado um projeto ao Ministério da Justiça para que o treinamento dos policiais brasileiros enviados para missões de paz da ONU passe a ser realizado pela SENASP. Segundo o meu professor, o projeto estaria bem avançado.
Aguardemos os desdobramentos!

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Capitão Bassalo - PMPA - publica vídeo no Youtube sobre sua trajetória na MINUSTAH

O Capitão Fabrício Bassalo - PMPA - atualmente é o coordenador da Crowd Control Unit, uma das principais unidades operacionais da Diretoria da Operações da MINUSTAH. Esta unidade tem como missão o controle, fiscalização e emprego das FPUs - Formed Police Unit (Batalhões de Choque da ONU) em todo território haitiano.
Ontem o Capitão Bassalo publicou um vídeo no youtube de aproximadamente 5 minutos onde podemos visualizar um pouco da trajetória deste Oficial brasileiro na Missão de Paz da ONU no Haiti.
Parabéns ao Capitão Bassalo pela iniciativa, pois o material referente a UNPOL disponível no youtube ainda é muito raro. A maioria dos vídeos é sobre o trabalho do exército brasileiro em Porto Príncipe.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Update sobre Annual Leave na MINUSTAH

Recebi do Contingente Policial Brasileiro na MINUSTAH a seguinte mensagem com atualização de informações a respeito do cálculo do annual Leave:
"Nobre Cap Marco, aqui na MINUSTAH O ANNUAL LEAVE foi revisto, agora o calculo e 2,5 dias a cada 30 dias. Essa era uma demanda antiga dos UNPOLS por aqui, pois segundo informações, em outras missões o annual leave ainda é de 1,5 dias porém exite um sistema de escalas aos domigos(50% do efetivo Policial a cada domingo) vale a pena pesquisar. tive a confirmação de um UNPOL que trabalhou em COTE D´VOIR que por lá existia essa escala.
Abraços e bonne chance! "
Agradeço a participação dos colegas Boinas Azuis brasileiros, visto que um dos objetivos principais deste blog é trazer informações atualizadas do cotidiano policial nas missões de Paz da ONU a todos os interessados no assunto, em especial aos Oficiais brasileiros "aspirantes"a uma vaga na UNPOL.

domingo, 8 de novembro de 2009

O Que é CTO?

Semana passada no blog do Carrera foi publicada notícia a respeito dos CTOs do Maj Silva - PMERJ - no período em que esteve em missão no Sudão. Para os veteranos nenhuma novidade, no entanto para os aspirantes a UNPOL pode ter ficado uma indagação: o que é CTO?
CTO é uma sigla que significa Compensatory Time Out, ou seja, é o tempo que a ONU concede como compensação pelo período contínuo de trabalho - Os UNPOLs executam uma jornada de trabalho de oito horas diárias de domingo a domingo - sem descanso. Por este motivo existe um sistema de folgas, o CTO. Os manuais da ONU determinam uma regra geral, a qual pode ser readequada de acordo com as peculiaridades e necessidades de cada missão. O regulamento estabelece que a cada 5 dias de trabalho o UNPOL recebe 1 dia de folga. Além disso o UNPOL recebe 1,5 dias de folga a cada mês de missão, esta folga recebe a denominação de Annual Leave. Para exemplificar e facilitar o entendimento, ao final de 60 dias de trabalho o UNPOL terá direito a 12 dias de CTO (1 dia a cada 5 de trabalho) e mais 3 dias de Annual Leave (1,5 dias a cada mês), totalizando 15 dias de folga. A ONU preconiza que estes dias de folga devem ser passados fora da área de missão para que o UNPOL tenha um descanso, inclusive psicológico. Cabe salientar que os gastos com estas viagens são por conta do UNPOL. Normalmente a ONU possui um voo semanal gratuito com destino específico fora da área de missão. No caso do Haiti o voo é para Santo Domingo na República Dominicana, já no Timor o voo é para a Austrália. As folgas dos funcionários civis e dos militares são contabilizadas de forma diferente.
Este período de descanso é fundamental para "recarregar as baterias", transcrevo abaixo um trecho do diário que escrevi no período em que estive no Haiti e que faz referência ao CTO:
“ Port au Prince - 19 out 2007 - 21h00min
Passado o nosso Medal Parade as atenções voltam-se para o CTO, não vejo a hora de chegar em casa e rever a familia. O tempo fora vai ajudar na convivência aqui, pois o trabalho contínuo sem folga acaba nos tornando cada vez mais explosivos, menos complacentes com situações do cotidiano. O trabalho em equipe com policiais de várias nacionalidades faz com que o trabalho diário seja repleto de situações em que precisamos relativizar e nos adaptar a cultura e modos de agir de cada policial aqui, alguns relativizam enquanto outros não tem essa facilidade e tentam impor suas idéias. Com isso passamos a nos estressar facilmente e a perder a calma com coisas pequenas. Em casa a convivência com os outros brasileiros também tem seus altos e baixos, algumas discussões viram coisa do cotidiano, como em qualquer familia. A viagem é necessária para que possamos recarregar as baterias. Agora é só pensamento no CTO, faltam 5 dias, 3 de serviço e 2 de viagem. Não vejo a hora de encontrar minha familia e ficar com as pessoas que amo. Espero que todos gostem dos presentes que estou levando
.”

Motivo da Ausência


Caros amigos estive ausente esta semana, pois estava participando, como membro da comissão organizadora, do Seminário Internacional sobre Segurança Viária no Mercosul, o qual foi realizado pelo Comando Rodoviário da Brigada Militar na Cidade de Bento Gonçalves, região serrana do Rio Grande do Sul. Tivemos a participação de Policiais rodoviários (Policia Caminera) do Uruguai e do Paraguai, bem como do Deputado Federal Beto Albuquerque (RS) o qual é integrante do Parlamento do Mercosul. Como resultado prático do seminário, mudanças no CTB a respeito dos estrangeiros serão encaminhadas no congresso nacional esta semana.

domingo, 1 de novembro de 2009

Peculiaridades dos cargos existentes no DPKO na Sede da ONU em Nova York


Ainda falando nos cargos existentes no DPKO - Department of Peacekeeping Operations - em Nova York, esta é uma das raras oportunidades, em se tratando de missões de paz, onde o policial pode levar sua família para acompanhá-lo durante o período em que estiver a serviço da ONU. A grande maioria das missões no terreno são consideradas “No Family”. Acredito que seja uma experiência profissional e familiar muito gratificante poder compartilhar desta estada de dois anos em Nova York com nossos familiares.
Um fator relevante a ser considerado é a questão de que os cargos são em regime de Secondment, ou seja, desvinculação total com a origem. Isto implica, em outras palavras, como já tratamos aqui no blog, em “abrir mão”do salário aqui no Brasil. Por isso é importante saber com antecedência o salário que irá receber e fazer o planejamento financeiro adequado.
Quando fiz o concurso em Brasília, em setembro de 2006, visitamos a sede do COTER e da IGPM e lembro que naquela ocasião a IGPM estava solicitando indicações das PMs para o processo seletivo a cargos semelhantes em Nova York. Lembro, ainda, que um Oficial superior da PMDF questionou sobre o valor do salário e foi informado que era em torno de 4.500 dólares para o cargo definido como nível P-4.
Pesquisando no site da UNDP encontrei anúncio de vagas existentes para o DPKO, além destas previstas para a Divisão Policial, para cargos com nível P-5 onde eles não informam o salário mas o descrevem assim:
Remuneration: Depending on professional background, experience and family situation, a competitive compensation and benefits package is offered.”
Querendo saber mais sobre as vagas oferecidas, a descrição dos cargos e a data limite para se candidatar à vaga, acesse o link abaixo:

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

A PMDF indicará Oficiais Superiores para cargos no DPKO em Nova York

A PMDF novamente demonstra estar na vanguarda quando o tema é missão de paz. A seguinte notícia foi extraída do blog do Tenente Carrera:
"O Comando de Operações Terrestre (COTER), do Exército Brasileiro, promoverá um processo seletivo a fim de selecionar oficiais da PMDF, e de outras Corporações PM, para ocupar dois cargos no Departamento de Operações de Paz (DPKO) da ONU em NY.
1 vaga de P-4 para Tenente Coronel PM + 1 vaga de P-4 para Major PM
Pré-requisitos para indicação do Comandante-Geral:
1. PM da ativa e graduado na Academia da PM;
2. Cursos de mestrado, graduação, pós-graduação ou especialização na área de justiça criminal, direito, ciência política ou outros campos relevantes;
3. Comprovada proficiência, oral e escrita, no idioma inglês e desejável conhecimento de segundo idioma oficial da ONU, preferencialmente o francês;
4. Experiência em Missão de Paz;
5. Não ter sido condenado ou estar sendo processado ou sob investigação por ofensas criminais ou disciplinaresç
7. A escolha será feita inicialmente pelo EB, após análise da documentação, e posteriormente em entrevista agendada pelo DPKO (com os pré-selecionados)
8. Período de 2 anos, como secondment
PS = Prazo para entrega da documentação=29 de outubro de 09
Trata-se de excelente oportunidade para a Corporação PM que não pode deixar de ser preenchida. Existe na PMDF um movimento positivo nesse sentido, com o interesse pelo tema por parte do Comando e de todos os níveis da instituição, dada a importância dessa oportunidade, antiga aspiração dos veteranos de Missão de Paz."

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Reunião Preparatória de Operação no Comissariado de Carrefour - Porto Príncipe

Ainda dentro da idéia de dar uma amostra da realidade das operações no terreno aos futuros UNPOLs brasileiros encontrei em meu arquivo pessoal de vídeos e fotos este vídeo de uma reunião preparatória para uma operação na região de Carrefour, um dos bairros mais populosos de Porto Príncipe. A Diretoria de Operações - DIROPS - uma das diretorias ligadas diretamente ao comando da missão policial é responsável pelo planejamento e coordenação das operações conjuntas envolvendo militares, policiais haitianos-PNH- e policiais da ONU em todo o território do Haiti. O vídeo mostra uma visita da equipe da DIROPS (eu e um UNPOL Nigeriano) ao Comissariado de Carrefour (quartel que pode ser comparado em termos de estrutura organizacional da PNH a um dos nossos Batalhões). Pode ser visualizado que dentro deste quartel existe uma sala especialmente destinada aos UNPOLs que trabalham em conjunto e em monitoramento das atividades policiais haitianas daquele bairro. Na oportunidade fomos recebidos pelo Comissário da PNH (um T Cel, se comparado a nossa estrutura policial) o qual desloca até a sala dos UNPOLs para a reunião. Nesta reunião o Comissário apontou as necessidades de operações policiais, nos repassou as informações que dispunha, localizamos os pontos críticos em um mapa atualizado da região e, após o término da reunião, deslocamos na companhia do Comissário para realizarmos um reconhecimento da área. Participam de uma reunião preparatória todos os envolvidos na operação. Podemos visualizar, então, UNPOLs, Policiais Haitianos e militares do Sri Lanka - responsáveis pela segurança na área de Carrefour. Cabe salientar que os militares boinas azuis, cada batalhão, recebe uma área de responsabilidade dentro da capital e tem como missão, nestes tipos de operação, a segurança de perímetro para que a polícia execute a missão dentro da área escolhida. Revistas e eventuais prisões são realizadas pelos policiais haitianos, os UNPOLs participam da coordenação, apoio e segurança dentro do perímetro. Outra constatação que podemos fazer através deste vídeo é que embora digam que o inglês é o idioma da missão, na verdade a missão é francofônica. No trato com a polícia haitiana os diálogos em sua grande maioria são em francês. Agora imaginem o problema enfrentado por mim e pela maioria dos policiais brasileiros que chegam a Porto Príncipe. Eu, por exemplo, só sabia falar bonjour (boa dia) em francês. Tive que aprender na marra, no dia-a-dia, na rua. Não poderia deixar de destacar, também, que tive a sorte de ter trabalhado por 06 meses com o então Major Braga da PMPA(hoje T Cel), fluente em Inglês e Francês, o qual estava sempre disposto a nos ensinar palavras novas e a corrigir pronuncias. Lembro de uma situação vivenciada logo na segunda semana em que estava no haiti em que deslocávamos com a viatura da ONU até uma agência de viagens em PetionVille. Chegando ao local o Maj Braga desceu, pois iria comprar sua passagem para passar o CTO em casa. Eu permaneci na viatura juntamente com o UNPOL do Niger que nos acompanhava, foram 20 minutos de profundo silêncio, eu não falava francês e o UNPOL do Niger tampouco falava inglês. Lembrando disso agora começo a rir sozinho, mas no dia foi dureza. Aprendi francês depois de muitas aulas com o major, bem como durante o serviço nas ruas de Porto Príncipe. Grande abraço T Cel Braga!
Outro detalhe importante a ser considerado no trato com os UNPOLs de outros países, este aprendido com o Tenente Carrera PMDF, é o de saber ao menos as saudações como bom dia ou boa tarde nos mais diversos idiomas que compõe o universo de UNPOLs de cada missão. Repare na expressão de espanto do militar do Sri Lanka quando eu o cumprimento e digo "suba udesanak" que é bom dia na língua singalês. Grande abraço Carrera!
Em breve estarei postando outros vídeos e fotos de fatos do dia-a-dia da missão.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Aterrissagem de Avião da ONU em Khartoum

Estava a procura de alguma coisa interessante no Youtube sobre a UNPOL ou missões de paz da ONU que pudesse demonstrar aos candidatos a Boina Azul um pouco da realidade no terreno. Encontrei este vídeo de uma aterrissagem de um avião da ONU no Aeroporto Internacional em Khartoum, capital do Sudão. Pelas imagens feitas por alguém do staff da ONU podemos visualizar um pouco da cidade, do rio Nilo e suas duas pontes (acredito que uma delas seja férrea) e o aeroporto. Pelas imagens podemos ter uma idéia de que o aeroporto de Khartoum é bem maior e mais movimentado que o Aeroporto Internacional Toussaint Louverture em Port au Prince - Haiti. Enquanto se visualiza muitas aeronaves em Khartoum, no Haiti a realidade é bem diferente, apenas aeronaves pequenas e dois ou três horários diários de grandes empresas (America Airlines e Air France). Vou ver se encontro entre as minhas filmagens alguma que possa dar uma idéia do aeroporto em Port au Prince para que todos possam fazer suas comparações.

Para quem já esteve lá (no Sudão), penso que sejam boas recordações. Para quem ainda não foi e pretende se candidatar a uma vaga de UNPOL esta é uma oportunidade de ter uma pequena idéia da capital do Sudanesa.

sábado, 17 de outubro de 2009

Formandos do Curso de Instrutor de Tiro para Oficiais da Brigada Militar realizam Viagem de Estudos na Alemanha


Ocorreu no último dia 09 de outubro, na APM em Porto Alegre, a formatura do Curso de Instrutor de Tiro para Oficiais - 2009. Após a formatura um grupo composto por 26 Oficiais, entre instrutores e formandos, iniciou uma Viagem de Estudos tendo como destino a Alemanha.

Durante esta semana o grupo visitou as empresas Walther, especializada na fabricação de pistolas para várias corporações policiais do mundo, e a famosa HK, na cidade de Oberndorf, a qual fornece o armamento para o GATE. Os diretores da HK renovaram o interesse em fornecer armamento para a corporação em eventos futuros como a Copa do Mundo de 2014.

A comitiva que é chefiada pelo T Cel Humberto Teixeira dos Santos, Chefe da PM-3, também visitou a cidade de Munique onde, além de visitar o estádio Allianz Arena, sede de jogos na Copa da Alemanha, entrou em contato com as autoridades policiais locais a fim de colher informações importantes a cerca do trabalho policial desenvolvido na época dos jogos da copa. Esta atividade já faz parte da preparação e qualificação dos Oficiais da Brigada Militar para a Copa de 2014, pois Porto Alegre será sede de jogos.

Entre os formandos da turma de instrutores de tiro está o Capitão Araújo (turma 1997), Boina Azul veterano da Missão de Paz em Kosovo - UNMIK, o qual, após o seu retorno da missão passou a servir na APM, assumindo a titularidade na cadeira de Inglês no Curso Superior de Polícia Militar. O Capitão Araújo (na foto o terceiro da esquerda para a direita) está auxiliando aos demais colegas na viagem desenvolvendo as funções de intérprete do grupo.

Foto dos Capitães Formandos do Curso de Instrutor de Tiro para Oficiais.


terça-feira, 13 de outubro de 2009

ONU realiza cerimônia póstuma em memória dos Boinas Azuis Uruguaios e Jordanianos


Foi realizada hoje, 13 de outubro de 2009, no Camp Charlie - Porto Príncipe - uma cerimônia de homenagem póstuma e despedida aos Boinas Azuis uruguaios e jordanianos que perderam a vida em um trágico acidente aéreo ocorrido na última sexta-feira no Haiti. Os militares estavam realizando um voo rotineiro de patrulha de fronteira quando caíram em uma região montanhosa perto da capital haitiana. A foto acima é do fotógrafo das Nações Unidas Marco Dormino. Veja mais fotos e leia a reportagem na íntegra no site da MINUSTAH.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Capitão Meirelles conclui treinamento no CIOpPaz no Rio de Janeiro


O Capitão Meirelles concluiu no dia 25 de setembro o treinamento preparatório para a Missão de Paz da ONU no Haiti - MINUSTAH. O treinamento desenvolveu-se no Centro de Instrução de Operações de Paz – CIOpPaz – no Rio de Janeiro. Sobre o curso Meirelles deu as seguintes informações:
foram 180 horas de teoria e prática. Muito bom o curso, bem organizado, técnico e voltado diretamente para as questões que o guerreiro vai enfrentar na missão. O pessoal veterano de missão disse que o ambiente no terreno é bem aquele mesmo.Na última semana de curso foi feito exercício de campo com montagem de team sites e missões de observação, reconhecimento, escolta de refugiados, negociação, inspeção de presídio e tudo mais. Com certeza o curso contribuiu.”
Agora o Capitão Meirelles, juntamente com o Cap Tadeu (PMERJ) e Cap Honda (PMAM), aguardam a entrevista telefônica do DPKO, última fase do processo de seleção. A previsão de embarque é para janeiro de 2010.

Fotos das Atividades no Curso no CIOpPaz - RJ






sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Avião da ONU cai no Haiti

Um avião da Organização das Nações Unidas - ONU - caiu nesta sexta-feira (13:30 hs - horário de Brasília) em uma região montanhosa a leste da capital haitiana - Porto Príncipe - próximo da divisa com a República Dominicana. O avião pertencia ao contingente militar uruguaio da MINUSTAH e a tripulação era formada por 11 boinas azuis de nacionalidade uruguaia e jordaniana e estava realizando uma missão rotineira de patrulhamento de fronteira. Segundo as informações oficiais prestadas pelo porta-voz das Nações Unidas não houve sobreviventes.
Leia a reportagem na íntegra no site da Folhaonline.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Capitão Araújo esteve na Missão de Paz em Kosovo - UNMIK - em 2006


Uma das preocupações que o Policial deve ter ao ser designado para uma missão de paz é a de verificar as condições climáticas que irá enfrentar no decorrer do ano em que estará a serviço da ONU. Isto será determinante na escolha do fardamento adequado para o serviço nos casos em que encontrará condições adversas. O Oficial deve estar consciente de que poderá se ver em meio a um furacão, como é normal na região do caribe (Haiti) nos meses de junho a outubro; poderá enfrentar calor extremo, como nos países do continente africano (Sudão); poderá, também, estar relativamente próximo a um tsunami, como o ocorrido semana passada na indonésia (próximo ao Timor). E por fim, o Oficial deverá estar preparado para enfrentar situações de frio extremo como o enfrentado pelo Capitão Araújo, da Brigada Militar -Turma de 1997, no período em que esteve na Missão de Paz em Kosovo - UNMIK- no ano de 2006. A foto acima mostra o Capitão Araújo saindo de casa para mais um dia de trabalho em Pristina, notem os coturnos quase totalmente cobertos pela neve. Segundo o Oficial os problemas já iniciavam pela manhã, pois para entrar no veículo muitas vezes era necessário colocar um líquido especial na fechadura da porta para que a neve derretesse e fosse possível colocar a chave para abrir o veículo. Outro procedimento, para nós brasileiros pouco usual, era a necessidade de utilizar correntes nos pneus em algumas situações. A variação de temperatura é um fator importante a ser considerado durante a adaptação ao novo país. Enfrentei situação semelhante, no entanto ao inverso, pois ao ser designado para a MINUSTAH embarquei em Porto Alegre com os termômetros marcando 5 °C, em pleno inverno gaúcho, e cheguei a Porto Príncipe – capital haitiana – no dia seguinte com termômetros marcando incríveis (pelo menos para mim) 42° C. Na primeira semana eu suava parado à sombra somente pelo fato de estar respirando.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Vagas na UNIOGBIS são para Policiais veteranos de Missão de Paz

Informações obtidas por Oficial veterano da MINUSTAH junto à IGPM/COTER dão conta de que as vagas para a missão das Nações Unidas na Guiné-Bissau (UNIOGBIS) deverão ser preenchidas por policiais brasileiros veteranos de missão. No entanto, estes Oficiais devem constar nos cadastros da IGPM como aptos a integrarem uma missão de paz, ou seja, devem ter sido aprovados em um dos concursos realizados em 2008 ou nos realizados neste ano, tendo em vista que os exames devem estar dentro do prazo de validade 18 meses. Este é o motivo pelo qual o documento enviado ao comando da BM já trazia o nome de 03 capitães ( Cap Osório e Cap Freitas – aprovados no concurso de maio/08 – e o Cap Frederes – aprovado no concurso de agosto/09) todos veteranos da MINUSTAH.
Ainda, segundo a informação, é a ONU que exige estes pré-requisitos, pois na última seleção para cargos regidos pelo sistema de secondment muitos Oficiais foram reprovados na entrevista feita pelo DPKO.

sábado, 26 de setembro de 2009

IGPM/COTER realiza processo de seleção de 20 Policiais para Missão na Guiné Bissau

No último dia 15 de setembro a IGPM/COTER enviou documento ao Comando da Brigada Militar solicitando indicações de Oficiais voluntários para ocupar cargos no Escritório Integrado das Nações Unidas de Construção da Paz na Guiné- Bissau (UNIOGBIS). A missão terá início a partir de janeiro de 2010 e os Oficiais selecionados permanecerão no país africano por um período de 01 ano.
Ao todo são 20 vagas para policiais brasileiros distribuídas entre cargos de chefia e de execução. São 04 vagas para funções de chefia, as quais são regidas pelo sistema de contrato direto (Secondment- S), ou seja, o Oficial passa à condição de militar a serviço de órgão internacional e, em consequência, não pode ter vinculação financeira e adminstrativa com sua instituição, resumindo: deve abrir mão de seu salário no Brasil e passar a receber somente o salário da ONU.
As demais 16 vagas são consideradas em situação de não contratado (Non-contracted- NC) e por isso os Oficiais selecionados equiparam-se à situação de UNPOL, ou seja, recebem MSA da ONU (diárias) e não precisam se desvincular da organização policial a que pertencem.
O processo de seleção será diferente do normalmente utilizado pela IGPM. Na primeira fase serão selecionados os Oficiais de acordo com o Personal History enviado ao COTER, cujo prazo de remessa venceu no último dia 18 de setembro. A relação dos pré-selecionados será enviada ao DPKO em Nova York, o qual, por sua vez, agendará uma entrevista telefônica com o candidato. Somente após a aprovação do DPKO que serão providenciados os exames médicos e restante da documentação para o embarque.

Distribuição dos 20 Cargos - UNIOGBIS

1. Senior Police Adviser (P-5) – Coronel ( 01 vaga)
2. Police Governance & Accountability Project Manager (P-3) - Major (01 vaga)
3. Police Operation & International Cooperation Project Manager (P-3) - Major (01 vaga)
4. Police Gender & Vulnerable People Protection Project Manager (P-3) - Major (01 vaga)
5. Police Training & Human Resources Project Manager (NC)- Major (02 vagas)
6. Police Administration Project Manager (NC)- Major (02 vagas)
7. Assistant to the Senior Police Adviser(NC) - Major (02 vagas)
8. Police Administration Adviser (NC) – Cap/ten (02 vagas)
9. Police Governance & Accountability Adviser(NC) – Cap/Ten (02 vagas)
10. Police Training & Human Resources Development Adviser(NC) - Cap/Ten (02 vagas)
11. Police Gender & Vulnerable People Protection Adviser (NC) - Cap/Ten ( 02 vagas)
12. Police Operation & International Cooperation Adviser(NC) - Cap/Ten (02 vagas)

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Comando da Brigada Militar aprova o uso de distintivo de participação em Operações de Paz da ONU

O Comando Geral da Brigada Militar publicou recentemente duas portarias estabelecendo normas complementares ao Regulamento de Uniformes e Apresentação da Brigada Militar (RUAPBM). A Primeira foi a Portaria nº 371/EMBM/2009, publicada no Boletim Geral nº 107, de 10 de junho de 2009, regulamentando o uso da Boina Azul em solenidades especiais alusivas às Missões de Paz da ONU. E a outra foi a Portaria nº 383/EMBM/2009, publicada no Boletim Geral nº 169, de 08 de setembro de 2009, a qual cria e autoriza a utilização do Distintivo de participação em Operações de Paz.
Estas duas publicações foram fruto do trabalho de um grupo de oficiais, os quais se reuniram em comissão e decidiram regulamentar o uso do distintivo, pois até então o que existia, segundo informações obtidas com alguns dos veteranos de Missão em El Salvador e Guatemala, era apenas uma autorização verbal do Cmt Geral da época (década de 90) para que os Oficiais utilizassem o próprio distintivo da ONU. No entanto, por ser verbal, estava sempre sob a possibilidade de nova avaliação de qualquer comandante direto.
Em vista disso, a comissão de veteranos de missão composta por mim e pelos Capitães Emílio (Kosovo); Freitas (Haiti); Araújo (Kosovo); Osório (Haiti); Frederes (Haiti); Hoffman (atualmente no Timor), solicitou uma audiência no mês de maio com o Comandante Geral, Coronel Trindade, ocasião onde foram apresentadas as propostas de Portaria. Ambas foram aprovadas no ato pelo Coronel Trindade e, após o trâmite administrativo necessário, bem como alguns ajustes determinados pelo Comandante Geral, foram publicadas em nosso Boletim Geral.
Parabéns a todos os envolvidos no projeto, bem como a todos aqueles que acreditaram nesta idéia.

Distintivo de Participação em Operações de Paz da ONU


sábado, 19 de setembro de 2009

Capitão Frederes é aprovado no Concurso para Missão de Paz da ONU

O Capitão Frederes (BMRS) foi aprovado no último concurso para participar de uma Missão de Paz da ONU realizado pela IGPM/COTER na cidade de Curitiba no mês passado. Embora a IGPM ainda não tenha divulgado oficialmente em seu site o resultado da prova de seleção, obtivemos com o referido Oficial as seguintes informações: Foram 23 candidatos de 07 diferentes Estados, sendo que somente 08 obtiveram a aprovação. Dentre os aprovados estão 05 Oficiais do Paraná, 02 Oficiais de São Paulo e o Capitão Frederes.
Como os Oficiais que farão a rendição do efetivo que está no Sudão e no Haiti já estão destinados e frequentando o curso na CIOPPAZ no RJ, os aprovados em Curitiba estarão concorrendo, juntamente com outros policiais aprovados no 1º Semestre deste ano, à rendição do efetivo que atualmente se encontra no Timor Leste.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Cap Meirelles participa de Treinamento no RJ preparatório para a Missão no Haiti


O Capitão Meirelles está em fase de treinamento para a Missão de Paz da ONU no Haiti. O curso acontece no CIOPPAZ no Rio de Janeiro, conforme nos relata o Oficial:

“... estou aqui no RJ, no Centro de Instrução de Operações de Paz - CIOPPAZ, participando do Estágio de Preparação para Missão de Paz . Estamos alojados no próprio centro, em contâiners para oito pessoas. O início foi no último dia 31/08 e o término será em 25/09. Estão sendo desenvolvidas no curso atividades teóricas e práticas, voltadas para a missão. As aulas são todas ministradas em inglês.
Participam do curso, além de diversos Oficiais do Exército e Aeronáutica, 06 policiais militares. Maj Valverde (PMDF), Cap Emerson (PMSC), Cap Tadeu (PMERJ), Cap Honda (PMAM), eu e o 1º Ten Mello (PMSP). O Maj Valverde, Cap Emerson e Ten Mello estão designados para o Sudão. Eu e os demais para o Haiti.
O estágio tem módulos conjuntos e separados (UNPOL) e o corpo de instrutores conta com Oficiais do exército brasileiro e argentino, veteranos de missão de paz. Temos disciplinas como Uso progressivo da força, estrutura da ONU, humanitarian law dentre outras. Na última semana de curso vai ser realizado exercício de campo.
Na foto temos da esq para direita: Cap Emerson, 1º Ten Mello, Cap Tadeu, Cap Honda, 1º Ten Penha Brasil (adido da PM do RJ para nos acompanhar durante o curso), Maj Valverde e eu
”.

Fotos das Atividades do Curso na CIOPPAZ no Rio de Janeiro




Nas fotos podemos verificar o andamento das instruções de Comunicações e de Negociação a que estão sendo submetidos os Policiais Militares designados para as próximas rotações de efetivo no Sudão e no Haiti.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Inicia em Brasília o Curso de Observador Policial para Missões de Paz da ONU

Ocorreu no dia 01 de setembro, no Instituto Luis de Camões da Embaixada de Portugal em Brasília, a aula inaugural do 1º Curso de Observador Policial para as Missões de Paz da ONU. O Curso está sendo promovido pela PMDF através do 5º BPM – Batalhão Rio Branco – o qual tem sob sua responsabilidade as atividades de policiamento ostensivo no setor de Embaixadas da Capital Federal.
Com carga horária de 300 horas, divididas em oito semanas, o curso busca dar uma preparação adequada aos oficiais que almejem participar do processo seletivo do COTER para as futuras missões de paz da ONU. A primeira turma conta com 11 Oficiais.
A Cerimônia foi presidida pelo Embaixador português João Manuel Guerra Salgueiro e contou com a presença de diversas autoridades, incluindo o representante das Nações Unidas.
A Brigada Militar foi uma das 05 Corporações convidadas pela PMDF a enviar 01 Oficial para frequentar o curso, no entanto não tivemos nenhuma indicação, ou mesmo divulgação ao Oficiais.
Gostaria de parabenizar os Oficiais da PMDF que transformaram em realidade um sonho de muitos policiais veteranos de missão, em especial ao Tenente Carrera, um dos idealizadores do curso, com qual tive o privilégio de conviver por 06 meses no Haiti.
Leia a notícia na íntegra no site da PMDF:
http://www.pmdf.df.gov.br/?pag=noticia&txtCodigo=3516

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Policiais Brasileiros coordenam Operação que localizou e destruiu 12 mil pés de Maconha no Haiti



A Diretoria de Operações da MINUSTAH – DIROPS – é responsável pelo planejamento e execução de operações policiais conjuntas reunindo os Policiais haitianos (PNH), UNPOLs, FPUs e militares. Esta responsabilidade abrange todo o território haitiano. O Diretor de Operações é um assessor (Deputy) direto do Police commissioner, podendo responder pela função na sua ausência. A DIROPS é composta por 03 unidades principais: a HNP/UNPOL Coodination (planejamento e coordenação das Operações); a Crowd Control Unit (planejamento e coordenação do Emprego das FPUs) e a SWAT unit (Coordenação e emprego dos Grupos Especiais – SWAT/PNH e SWAT/ FPU).
Os bons serviços prestados no transcorrer da missão no Haiti, desde 2004, acabou criando uma tradição de Oficiais brasileiros nesta diretoria. Já passaram pela HNP/UNPOL Coordination o Cap Osório (BMRS-2006); Cap Freitas (BMRS-2007); Ten Carrera (PMDF-2007); Maj Agrício (PMDF -2008); Cap Marco (BMRS – 2008) e Cap Frederes (BMRS – 2008), tendo inclusive o Cap Freitas e o Ten Carrera respondido pela função de Diretor de Operações, em épocas distintas, durante CTO do Diretor.
O atualmente contingente brasileiro, composto pelo Cap Bassalo (PMPA), Cap Algenor (PMAM) e Ten Heberton (PMDF) conseguiu um avanço substancial junto ao comando, pois conseguiu colocar um brasileiro em cada unidade da DIROPS. Já havíamos tentado isso, no entanto não obtivemos êxito, pois nos alegavam o chamado “equilíbrio de nações”, não poderíamos estar todos os brasileiros na mesma Diretoria. Felizmente, e estrategicamente, esta barreira foi vencida. E o resultado não tardou a aparecer.
Neste final de semana a DIROPS realizou uma operação, denominada Anaconda, na região de Saint Marc, cidade litorânea a noroeste de Porto Principe, e empreendeu um duro golpe no tráfico internacional de drogas, pois identificou e destruiu mais de 12 mil pés de maconha prontos para a colheita e, ainda, 150 kg da droga pronta para a comercialização. É a maior apreensão de drogas feita desde o início da missão. Foi destaque, inclusive, no site do Terra. A operação teve à frente estes três oficiais brasileiros, conforme nos relata o Cap Algenor:
A Operação teve o Comando e planejamento de informações realizados pelo Cap PMAM Algenor filho, o qual contou com o apoio técnico (INTELIGÊNCIA) de um agente do departamento anti-drogas dos EUA (DEA). Após a fase inicial, o Cap Fabricio Bassalo planejou o emprego das tropas de FPU (Formed Police Unit) no terreno; e o Ten PMDF Heberton, atuou no emprego conjunto dos times de SWAT (HNPSWAT e JORDAN SWAT). Contando com um efetivo total de 130 Policiais da MINUSTAH e PNH (POLICE NATIONAL D'HAITI), a operação deu um "prejuizo" de 1,8 milhoes de dólares aos traficantes segundo calculos do DEA”.
Como veterano da MINUSTAH e, especialmente da DIROPS, sabedor das dificuldades de levar a cabo uma operação desta envergadura, das dificuldades, muitas vezes enfrentada pelo JMAC, em obter informações fidedignas sobre o tema, gostaria de parabenizar o Cap Bassalo, Cap Algenor e Ten Heberton os quais, desde sua chegada ao Haiti não medem esforços em bem representar suas corporações e o Brasil junto às Nações Unidas.

Fotos da Operação Anaconda - DIROPS - MINUSTAH




Nas fotos acima podemos identificar o Cap PMAM Algenor (agachado junto à maconha já colhida); O Cap PMPA Bassalo e Ten PMDF Heberton (juntos ao um monte de pés prontos para a destruição); o comboio de viaturas da ONU; o momento da queima da droga; e o Ten Heberton junto a outros UNPOLs.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Existem vagas para UNPOL na MINUSTAH

Em consulta ao site oficial da MINUSTAH, com dados atualizados até o dia 01 de agosto de 2009, podemos encontrar algumas informações interessantes. O efetivo da UNPOL é constituído por 2.063 policiais de 41 nacionalidades. Da América do Sul existem policiais da Argentina, Uruguai, Chile, Colômbia e Brasil.
A Resolução nº 1840 do Conselho de Segurança da ONU, de 15 de Outubro de 2008, estabeleceu como contingente policial o máximo de 2.091 policiais. Ou seja, existem 29 vagas em aberto.
Ontem entrei em contato com um amigo, policial da Colômbia, na busca de informações para o livro que estou escrevendo e, entre outras coisas, ele me disse com entusiasmo que a Colômbia possui atualmente o maior contingente policial sulamericano na MINUSTAH com 26 policiais ( eram apenas 02 até o ano passado, estando em último lugar).
O comando da Missão, através do Police Commissioner, já se manifestou amplamente favorável ao aumento do efetivo policial brasileiro. O trabalho desempenhado pelos oficiais brasileiros é de excelência reconhecida pelas demais nações, tanto que sempre ocupamos funções de destaque próximas à cúpula da missão.
O que falta para que possamos ocupar algumas destas 29 vagas que ainda existem?

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Presidente do Haiti pede a Lula menos militares e mais policiais


Relendo o post no blog do Carrera sobre a perda de espaços e oportunidades do Brasil mandar mais policiais militares para missões de paz, especialmente para o Timor Leste, o que foi alvo de debate no grupo UNPOL, bem como a matéria que postei aqui no blog sobre o plano de retirada das tropas do haiti a partir do 2º Semestre de 2011, lembrei-me da visita que o Presidente Lula fez ao Haiti em Maio do ano passado. Eu estava presente no BRABATT (Brazilian Battalion) juntamente com os demais policiais do contingente brasileiro – foto do palanque oficial da cerimônia.
O Presidente Lula, juntamente com vários ministros dentre os quais o Ministro da Defesa, Nelson Jobim, aproveitou a viagem a El Salvador para participar de uma reunião de Chefes de Estado e fez uma escala de 6 horas no Haiti. Durante sua estada em solo haitiano Lula reuniu-se com o Presidente René Préval, do qual ouviu um apelo para que o Brasil, tendo em vista a situação relativamente estável do Haiti, diminuisse o número de militares e aumentasse o número de policiais, bem como auxiliasse o país em obras de engenharia e infraestrutura, fato amplamente divulgado na imprensa haitiana e brasileira, como no portal G1, no diário do Nordeste e o site da Conlutas.
Decorrido pouco mais de um ano deste fato, nada mudou para nós policiais. No entanto, o plano da ONU de retirada gradual de efetivo (entenda-se efetivo militar), bem como da manutenção e possível ampliação do contingente UNPOL, pode abrir caminho para que o Brasil aumente a presença Policial no Haiti. Acredito que isso possa acontecer a partir do momento que o governo brasileiro e o Itamaraty entenderem que a presença policial também é um fator importante de representatividade internacional do país. É só dar uma olhada no contingente policial que os países que tem cadeira cativa no Conselho de Segurança cedem para as missões de paz. Penso que este é o caminho para que possamos ter, em um futuro próximo, uma FPU(Formed Police Unit) brasileira em uma Missão de Paz. Esclarecendo aos que possam não ter conhecimento que a FPU é uma tropa policial constituída, aquartelada, aos moldes de um Batalhão de choque. No período em que estive no Haiti haviam 08 FPUs – eram 02 da Jordânia, 01 da China, 01 da Nigéria,01 do Paquistão e 01 do Senegal, todas na capital, e 01 do Paquistão em Gonaives e 01 do Nepal em Cap Haitian. A exceção da FPU do Senegal que era composta por 85 policiais, todas as demais possuiam um efetivo de 125 homens. Após minha saída chegou mais uma FPU, a da India.
Levando-se em conta que nenhuma corporação estadual teria condições de abrir mão de uma tropa de choque especializada, vislumbro na Força Nacional esta tropa especial necessária para compor a primeira FPU brasileira. Lembro, ainda, que o efetivo de praças em uma FPU não precisa ter conhecimento de idioma, visto que trabalham sempre com intérpretes, o que facilitaria ainda mais a escolha do efetivo. Apenas para o corpo de oficiais haveria a necessidade de teste de idioma.
Acredito que esta idéia possa ser trabalhada pelos UNPOLs brasileiros que estão atualmente em missão em suas conversas com os Embaixadores e funcionários de alto escalão das Embaixadas brasileiras.
Não custa sonhar!

sábado, 22 de agosto de 2009

O Ramadã e as Missões de Paz da ONU


O trabalho nas Nações Unidas proporciona ao UNPOL (United Nations Police) um crescimento profissional e pessoal imensurável. O convívio com policiais de diversas partes do mundo, com suas culturas, preferências culinárias e religiões diferentes com certeza é um dos fatores preponderantes nesta troca de experiências.
Hoje, dia 22 de agosto, teve início em grande parte dos países muçulmanos o período denominado de Ramadã. Este é um período no qual os adeptos da religião muçulmana se dedicam ao jejum e a orações, estendendo-se por cerca de 30 dias. O período do Ramadã é definido de acordo com as fases da Lua, por este motivo a data muda a cada ano.
A ONU reconhece e respeita este período religioso tanto que na MINUSTAH os policiais muçulmanos eram autorizados a encerrar o horário de trabalho antes das 17 horas a fim de que estivessem em suas casas antes do pôr do sol para prepararem suas refeições.
No período em que estive no Haiti pude conviver com vários policiais muçulmanos oriundos da Turquia, Nigéria, Niger, Mali, Egito, Benin, Senegal, Jordânia, entre outros. Tive a oportunidade de acompanhar de perto esta demonstração de fé e devoção destes policiais, pois o jejum em questão é total. Do nascer do sol até o crepúsculo os muçulmanos não podem comer, fumar ou beber , nem mesmo água. Lembro de que um dia tive que levar um policial turco, o Attila, para o hospital, pois apresentava um quadro de dor de cabeça e mal estar estomacal, após o atendimento o levei em casa, pois não tinha mais condições de trabalhar naquele dia. Certa vez questionei um policial do Niger, o qual era meu Team Leader , sobre o mês do Ramadã e ele me respondeu que: “...possuimos 12 meses no ano, não nos custa nada dedicar 30 dias ao Senhor...”.
Os adeptos da religião muçulmana realizam orações diárias, nas quais se voltam para a cidade sagrada de Meca. Existem horários pré-determinados no início do dia, no horário do almoço, e ao final do dia. Também oram quando entram de serviço, pedindo a proteção divina, como no caso da foto acima onde policiais da FPU (Formed Police Unit) da Jordânia oram antes de sair em patrulha pelas ruas do bairro de Croix des Bouquets em Porto Príncipe.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Capitão da Brigada Militar é designado para a Missão de Paz da ONU no Haiti

O Capitão Fernando Augusto de Meirelles Almeida, atualmente servindo no 21º BPM, foi designado pela IGPM/COTER para integrar a Missão de Paz da ONU no Haiti - MINUSTAH - a partir de janeiro do próximo ano.
Segundo o Oficial, a IGPM enviou ao Comando Geral da Brigada Militar a relação dos aprovados no concurso realizado em 2008, a fim de que o comando indicasse 01 dos Oficiais. A lista apresentava 03 nomes, sendo que destes, 02 já eram veteranos da própria MINUSTAH. Diante deste fato, a escolha do comando da corporação recaiu, com justiça, sobre o Capitão Meirelles, o qual será o 5º Oficial da Brigada Militar a ter a oportunidade de integrar a Missão de Paz da ONU no Haiti.
O Capitão Meirelles encontra-se agora em fase de conclusão dos exames médicos, bem como está providenciando a documentação necessária para enviar a IGPM até o final de agosto para que se inicie os procedimentos de confecção de passaporte diplomático e obtenção de visto de trânsito para os EUA , além de outras medidas administrativas indispensáveis para o embarque.